20/10/2011

Resenha do último capítulo do livro A Gramática: história, teoria e análise, ensino de Maria Helena de Moura Neves

O estudo do uso da língua materna e sua aplicação em sala de aula têm levado estudiosos a frequentes discussões, desde a preparação de professores na universidade até que tipo de gramática e teorias de ensino devem ser usadas no exercício da profissão. A linguista e professora Maria Helena de Moura Neves, na última parte da obra A gramática: história, teoria e análise, ensino, defendendo a integração entre as aulas de Linguística e as reflexões sobre o uso cotidiano da língua revela a preocupação com a formação de professores de Língua Portuguesa e consequentemente a atuação desses professores no âmbito educacional.
O texto aborda, mais especificamente, sobre o tratamento que se tem dado à gramática nas aulas de 1º a e 2° graus. Segundo a autora, o ensino da gramática nesse nível não se resolve independentemente da reflexão sobre o funcionamento da linguagem. Com base em pesquisas realizadas com professores, constatou-se que muitos saem da universidade achando que a gramática normativa, que está incoerentemente presente nos livros didáticos, é que vai garantir um bom desempenho linguistico.
A par dos resultados da mesma pesquisa, a maioria dos professores acreditava que, escrever melhor era a função da gramática, que segue padrões estabelecidos pela sociedade, impossibilitando assim, a incursão dos fatos que comprovam a existência de uma gramática da língua considerada importante para o desenvolvimento de atividades que refletem sobre a língua e seu funcionamento.
A autora ainda questiona o descrédito que tem a rotulação de classes e funções para o ensino, por exemplo – oração subordinada adverbial modal – procedimento tão comum nas escolas que tem sido responsável por falas como “o ensino da gramática não serve para nada”, desvinculado o aprender gramática do uso e funcionamento comum da língua.  
Apesar das contradições que existe na gramática, o professor tem a necessidade do conhecimento linguistico, embora o domínio deste, não demonstre um fim em si mesmo. Tal conhecimento deve abranger a reflexão e a compreensão funcional da língua para chegar clarividente ao sistema.
Por seu objeto ser a competência comunicativa, servir a uma variedade de finalidades e não considerar a linguagem um fenômeno estanque, a teoria funcionalista é para Neves (2002) e para aqueles que acreditam em atividades que relaciona o conhecimento linguistico ao seu uso, um campo viável e coerente para o sucesso do ensino da gramática nas escolas de 1º e 2º graus.
Nesse contexto, é importante que os profissionais da educação especializados no ensino da língua, incorporem os avanços da linguística sempre em busca de aperfeiçoamento e atualização, no tocante, a utilização de livros didáticos, metodologias, enfim, materiais e concepções que visem o uso efetivo da língua para o reconhecimento das normas.    
Diante dos fatos, é notável que o ensino da gramática é algo complexo que vai muito além do conhecimento das normas pré-estabelecidas em um manual de gramática tradicional. Contudo, cabem aos já professores e aos estudantes do curso de Letras, contrastar regra e realidade a fim de perceber que a riqueza e o dinamismo da língua não cabem em manuais engessados.

Por Poliana Birto Sena, Graduada em Letras Vernáculas
pela Universidade do Estado da Bahia - UNEB 
e pós-graduada em Língua Portuguesa e Literatura Brasileira
pela Faculdade do Sul da Bahia - FASB

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