Leitor nos escreve: “Como
nordestino uso muitas vezes o pronome “lhe”. Pergunto: quando usá-lo?”
O pronome “lhe”, como complemento
verbal, substitui os objetos indiretos:
“Eu não lhe obedeço.”
“Eu devo dizer-lhe a verdade.”
“Eu lhe entreguei os documentos.”
Quem decide se o objeto é direto
ou indireto é o verbo. Em caso de dúvida, vá ao dicionário. Lá você vai
encontrar a regência do verbo (=se pede preposição ou não).
Quem obedece obedece “a” alguém. Obedecer
é um verbo transitivo indireto, por isso “eu não lhe obedeço”.
A forma “eu lhe amo” deve ser
evitada na língua padrão, porque o verbo amar é transitivo direto. Pede objeto
direto, por isso não poderíamos usar o pronome “lhe”
Um milhão de reais FOI gasto ou FORAM
gastos?
As duas formas são aceitáveis.
Prefiro a concordância com o
especificador:
“Um milhão de reais foram gastos
neste investimento.”
“Um milhão de vacinas foram
retiradas do mercado.”
“Um milhão de mulheres estão
grávidas.”
AUTOCUIDADO ou AUTO-CUIDADO?
Segundo o novo acordo
ortográfico, com o prefixo auto, só devemos usar hífen se a palavra seguinte
começar por “h” ou por vogal igual: auto-hipnose, auto-observação…
Com as demais letras, devemos
escrever sem hífen ou, como se diz popularmente, “tudo junto”.
Com as consoantes “r” e “s”,
deveremos dobrar o “r” e o “s”: autorretrato, autosserviço…
Com as outras vogais, não haverá
mais hífen: autoajuda, autoestima, autoanálise, autoatendimento…
Se a palavra seguinte começar com
qualquer outra letra, devemos escrever sem hífen, como sempre foi:
autobiografia, autocontrole, autocrítica, autodeterminação, autogestão,
automedicação, automutilação, autopromoção…
Segundo a regra, deveríamos
escrever “autocuidado”. O problema é que não há registro da palavra no
Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa.
DIA A DIA ou DIA-A-DIA?
Antes do novo acordo ortográfico,
a regra era a seguinte:
a) Devíamos
escrever sem hífen quando “dia a dia” significa
“diariamente” (=expressão
adverbial):
“Sua fama cresce dia a dia.”
b) Devíamos
escrever com hífen quando a expressão “dia-a-dia”
aparece substantivada
(=cotidiano):
“Os atletas falam do dia-a-dia na
semana decisiva.”
Segundo o novo acordo, palavras
compostas que apresentem elementos de conexão só terão hífen se forem nomes
ligados à zoologia ou à botânica: joão-de-barro, copo-de-leite…
Os demais compostos não terão
hífen: dona de casa, fim de semana, lua de mel, pé de moleque, cara de pau, pé
de cabra, passo a passo, disse me disse, sobe e desce…
Assim sendo, DIA A DIA não terá
mais hífen quando usado como substantivo, com o sentido de “cotidiano”:
“Isso tudo faz parte do dia a dia
do carioca”.
QUE NEM?
Leitora nos escreve: “Li num
anúncio: ‘Se você estiver…tome cuidado para não sair gritando, pulando e
comemorando que nem um louco’. Que nem está correto? É um advérbio de modo? Que
nem = como?”
Vamos por partes.
1o) A expressão que nem é
característica da linguagem coloquial brasileira. Deveria, portanto, ser
evitada em textos mais formais.
2o) O caso não deve ser reduzido
à discussão de certo ou errado.
3o) A expressão que nem é equivalente a conjunção comparativa como. Não se classifica, portanto, como advérbio de modo. Poderia ser classificada como uma conjunção subordinativa comparativa
3o) A expressão que nem é equivalente a conjunção comparativa como. Não se classifica, portanto, como advérbio de modo. Poderia ser classificada como uma conjunção subordinativa comparativa
Fonte: http://g1.globo.com/platb/portugues/
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