Leitora pergunta: “O certo não é
usar, antes de particípio, mais bem e mais mal em vez de melhor e pior ?”
Este caso é polêmico. Para alguns
autores, o certo é “melhor distribuídos”; outros afirmam que o certo é “mais
bem distribuídos”; e há ainda os que dizem que é um caso facultativo.
Costumo não reduzir o caso a uma
discussão de certo ou errado. Para agilizar o nosso trabalho, simplificamos o
fato: diante de qualquer particípio, devemos usar “mais bem” ou “mais mal”.
Como ninguém diria que
“Ronaldinho é o jogador brasileiro melhor pago” ou que “o trabalho foi pior
feito”, preferimos usar “mais bem” e “mais mal” diante de qualquer particípio:
“Ronaldinho é o jogador brasileiro mais bem pago”, “O trabalho foi mais mal
feito”, “Ele está mais bem preparado”, “O corredor mais bem colocado”…
Assim sendo, a nossa leitora tem
razão em sua crítica. Devíamos ter escrito: “Negócios serão mais bem
distribuídos”.
OBRAS-PRIMAS ou OBRAS-PRIMA?
O certo é OBRAS-PRIMAS.
Se a palavra composta, com hífen,
é constituída de um substantivo e um adjetivo (ou adjetivo + substantivo), os
dois elementos vão para o plural: altas-rodas, altos-fornos, altos-relevos,
amores-perfeitos, batatas-doces, boas-novas, boias-frias, cabeças-chatas,
cachorros-quentes, dedos-duros, guardas-civis, matérias-primas, meias-luas,
meios-fios, ovelhas-negras, peles-vermelhas, puros-sangues…
DESMISTIFICAR ou DESMITIFICAR?
DESMISTIFICAR = “desfazer uma
mistificação ou impostura. Desmoralizar-se, desmascarar-se.” (Dicionário
Ilustrado da Língua Portuguesa, elaborado por Antenor Nascentes)
DESMITIFICAR = “desfazer a
mitificação existente acerca de pessoa ou coisa.” (Dicionário Larousse)
Os dois verbos estão registrados
no Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa, entretanto o verbo
DESMITIFICAR não aparece em muitos dicionários.
A diferença prática, no meu modo
de ver, é a seguinte:
DESMISTIFICAR é “acabar com uma
farsa”;
DESMITIFICAR é “deixar de ser
mito
UM ou UMA telefonema?
Telefonema é um substantivo
masculino. Devemos, portanto, dar um telefonema.
As palavras terminadas em “-ema”,
geralmente de origem grega, são masculinas: o problema, o estratagema, o trema,
o telefonema…
Nem todas as palavras terminadas
em “a” são femininas. Não esqueça que “a grama” é a relva e que “o grama”
refere-se à massa (peso): mil gramas = um quilograma.
Dê um telefonema para a mercearia
e peça duzentos gramas de mortadela.
A NÍVEL DE ou EM NÍVEL DE?
Muitos leitores querem saber qual
é a forma correta: “A nível de ou em nível de usuário de informática…”?
É a “famosa” dúvida de nada com
coisa alguma. Não há “níveis”. Ninguém está se referindo ao “nível” dos
usuários de informática.
Dependendo do restante da frase,
poderíamos usar:
“Como usuário de informática…”
“Quanto ao usuário de
informática…”
“Em referência ao usuário de
informática…”
“Sendo usuário de informática…”
Quando houver “níveis”, podemos
usar a forma “EM NÍVEL”:
“São problemas a serem resolvidos
em nível federal.”
A expressão “a nível de” não
passa de um modismo linguístico, totalmente desnecessário, principalmente por
ser usado em situações em que não há “níveis”:
“O problema só será resolvido a
nível de reunião” (basta: “só será resolvido em reunião”);
“O projeto ainda está a nível de
discussão” (basta: “ainda está sendo discutido ou em fase de discussão”).
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