25/08/2011

A cerveja desce REDONDO ou REDONDA?

O assunto já foi abordado, mas diante das numerosas cartas, vamos voltar ao caso.
Muitos leitores querem saber se a tal propaganda não está errada. Segundo eles, se CERVEJA é uma palavra feminina, deveria ser REDONDA.
O problema é que REDONDA não é a CERVEJA, e sim o modo como a cerveja desce. Trata-se, portanto, de uma forma adverbial.
É importante lembrar que os advérbios são formas invariáveis, ou seja, não precisam concordar. Permanecem numa forma neutra, geralmente correspondente à do masculino singular.
Assim sendo, sinto decepcionar os meus leitores, mas a propaganda está correta: a cerveja desce REDONDO.
É o mesmo caso de “A bola rola MACIO nos gramados franceses”. Não é a bola que é macia, e sim o modo como a bola rola. É advérbio, por isso não concorda com a bola. Em “Ela fala ALTO”, ninguém erraria. Duvido que alguém falasse “Ela fala alta“. ALTO é advérbio, porque é o modo como ela fala.

 
Reduzir ao MÁXIMO ou ao MÍNIMO?

Leitor questiona frase de governador: “Em todo o Estado, a ordem dos secretários é enxugar o quadro de pessoal e REDUZIR despesas de custeio ao MÁXIMO.”

Essa é mais uma daquelas expressões que se consagram no uso e que, curiosamente, todos entendem.
Entretanto, eu prefiro a lógica: “REDUZIR AO MÍNIMO”.  Também seria possível “reduzir o máximo possível”.


CARIOCA ou FLUMINENSE?
 Leitora de Niterói quer saber por que quem nasce na cidade do Rio de Janeiro é carioca e quem nasce em Niterói é fluminense.
Há um engano na sua pergunta. Quem nasce em Niterói é niteroiense. Fluminenses são todos aqueles que nascem no ESTADO do Rio de Janeiro, inclusive os cariocas.
Para ficar bem claro:
CARIOCA é quem nasce na CIDADE do Rio de Janeiro (antigo Estado da Guanabara);
FLUMINENSE é quem nasce no ESTADO do Rio de Janeiro.
O adjetivo FLUMINENSE vem do latim flumens (=rio), por isso “água de rio” é “água FLUVIAL”.


SUBSÍDIO – A pronúncia é /SUBSSÍDIO/ ou /SUBZÍDIO/?
Quanto à grafia, não há discussão: é SUBSÍDIO (=com um “s”).
Quanto à pronúncia, os nossos dicionários e a última edição do VOLP (Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa), publicado pela Academia Brasileira de Letras ensinam: /subSSídio/.

Nosso leitor tem razão ao afirmar que “atualmente é comum atribuir-se o som de Z”. Pode ser comum, mas eu prefiro a pronúncia clássica: /subSSídio/.

O mesmo se aplica a palavras como o verbo SUBSIDIAR e o substantivo SUBSIDIÁRIA, ou seja, devemos pronunciar /subSSidiar/ e /subSSidiária/.

No caso de palavras como SUBSISTIR, SUBSISTENTE e SUBSISTÊNCIA, o VOLP já aceita as duas pronúncias: /subSSistir/ e /subZistir/, /subSSistente/ e /subZistente/, /subSSistência/ e /subZistência/.



HAJA VISTA ou HAJA VISTO?

Leitor quer saber se está correta a frase “Estamos impossibilitados de proceder ao pagamento da indenização relativa, HAJA VISTA a ocorrência de queda de raio…”

HAJA VISTA é sempre HAJA VISTA, ou seja, é uma forma invariável. Não se flexiona. Não precisa, portanto, concordar com a palavra seguinte, como alguns pensam: “…haja visto o problema ocorrido”. O certo é “…HAJA VISTA o problema ocorrido.”

HAJA VISTO só existe como forma verbal, equivalente a TENHA VISTO: “O caseiro poderá testemunhar a favor do deputado, caso ele realmente haja visto (tenha visto) o encontro dos dois”.





Fonte: http://g1.globo.com/platb/portugues

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